- Professor inimigo
Alguns alunos tiravam nota baixa porque eram perseguidos pelo professor. Por algum motivo, o professor não gostava do aluno e corrigia a prova com mais rigor, as notas eram baixas e a reprovação certa. Atualmente, inventou-se o professor doutrinador, aquele que transmite nas aulas sua ideologia e faz com que o aluno pense igual a ele. Se o estudante tiver ideias diferentes, será perseguido, terá notas baixas e reprovação inevitável. Pior do que a reprovação é o aluno rebelde se tornar um pária, alguém desprezado pelos colegas que, com a cabeça feita pelo mestre, rejeitam qualquer pensamento dissonante.
O professor doutrinador é de esquerda e infiltrado nas universidades públicas que, faz tempo, são apontadas como foco do pensamento subversivo cujo objetivo é transformar o Brasil numa república comunista internacionalista. Os mesmos que apoiam a globalização com a abertura da economia ao mercado internacional criticam a internacionalização socialista. O mais contraditório nesse ódio às universidades públicas está na acusação de que só os ricos estudam nelas. A prova estaria nos estacionamentos das universidades públicas onde a maioria dos carros é zero quilômetro. Portanto, celeiro comunista que ameaça dominar o Brasil é integrado por endinheirados que, não se sabe o motivo, apoiam o comunismo internacional que elas e eles já devem ter visto pessoalmente o fracasso numa viagem a Berlim onde o muro que dividia o mundo capitalista do universo comunista foi derrubado.
Mas por que alguém que pode pagar pelo ensino opta pela universidade pública? Porque a universidade pública oferece ensino de qualidade. E qual a solução para esse problema? Cobrar mensalidade da universidade pública. Assim, de quem pode pagar se cobraria e, quem não tem dinheiro, não pagaria. Se o modelo for adotado, o ensino deixará de ser público porque será pago. Além do mais, por que não se usa os impostos dos carros zero estacionados nas universidades públicas para o financiamento do Ensino Público? E o Imposto de Renda de quem é rico e está na Universidade Pública (ou de seu responsável) não tem uma parcela destinada ao Ensino Público? E ainda: por que alguém com grana não pode estudar numa Universidade Pública? Há alguma lei que o impeça? O problema do ensino brasileiro não está aí, mas no básico que tem sido constantemente golpeado.
As cotas vieram para desmontar o argumento de que só os ricos estudam em universidades públicas. Talvez, por isso, agora, universidade pública está sendo acusada de antro de bagunça com consumo de drogas e sexo irresponsável.
Há um pensamento se espalhando de que o professor é um inimigo desvirtuando os jovens universitários com ideias esquerdistas. Professor de Universidade Pública não é concursado? Então, só professor esquerdista passa em concurso? Transformar o professor num inimigo, em alguém a ser combatido, é perigoso e danoso.
É preciso valorizar o professor, seu trabalho e o ensino. Principalmente, o ensino público. O Brasil não precisa desse discurso rancoroso que está virando doutrina por aí.
