- A língua portuguesa
Em Lisboa, o táxi me levava para a Expo, região onde se realizou a Exposição Mundial de 98 e – atualmente – é um bairro movimentado da capital portuguesa. O motorista me disse que houve uma remodelação completa na região e os ‘contendores’ chegavam repletos pelo Tejo. Perguntei o que eram contendores e ele me explicou que eram construções de aço carregadas por navios. “Ah! No Brasil, a gente fala container! Mania de usar palavras em inglês.” O motorista riu e disse: “Duvido que seja mais do que aqui.”
A observação do taxista me surpreendeu porque sempre ouvi falar que o português de Portugal é mais puro e com poucas misturas. Mas – se era assim – foi no passado. Hoje, se vê palavras em inglês por todos os lados e – ao menos, em Lisboa – os avisos em língua inglesa são muitos. Não poderia deixar de ser, não é? Afinal, o turismo é intenso no país e o inglês se impôs como idioma universal. Então, já existem os shoppings, os City tours e – segundo um amigo português – os sítios da Internet começam a ser chamados de sites.
A guia do passeio à Torre de Belém diz que 200 milhões de brasileiros falam português o que deu uma força para a língua cujo país original tem 11 milhões de habitantes. Tal observação me faz orgulhoso e também temeroso pela responsabilidade. Cada vez mais, nós brasileiros seremos responsáveis pela língua portuguesa. Claro que dividiremos com angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos e timonenses que – segundo ouvi dizer – gostariam de falar inglês australiano.
Nós, brasileiros, estamos à frente da fila e temos que puxar o bonde. Se não fôssemos tantos, não puxaríamos o elétrico porque estaríamos no rabo da bicha. Nos tempos politicamente corretos nos quais vivemos atualmente, corro o risco de ser chamado de homofóbico mas é só uma brincadeira, ora pois.
