- "Mas o Lula...."
Em fevereiro de 2007, depois de roubarem um carro, ladrões arrastaram o menino João Hélio por quilômetros. A morte do garoto chocou o Brasil e houve questionamentos sobre um rigor maior nas leis. Ao ser questionado sobre o assunto, o então presidente Lula disse:
“Às vezes, violência é sobrevivência.”.
A declaração gerou contestação e quem – como eu – fazia restrições ao presidente, passou a ter antipatia por ele.
Portanto, Lula desde os tempos de operário, sempre deu declarações infelizes. A atual de que a pandemia teria um lado positivo ao mostrar que o Estado precisa cuidar da Saúde não foi a primeira bobagem que falou e sempre houve críticas não só ao que falava, mas como falava. O pouco trato com a língua portuguesa servia para inúmeras caricaturas de humoristas que faziam delirar quem de Lula não gostava.
É mentira o argumento de que “Mas Lula também falou e não se dizia nada.”. Essa é a queixa de quem apoia o presidente Bolsonaro acusando imprensa e opinião pública de, na visão desse grupo, não ter se manifestado contra os absurdos ditos – não só por Lula- mas por toda a esquerda.
Quem lança mão de tal argumento, esquece que o PT acusou a tevê Globo de editar o debate entre Collor e Lula, na véspera da eleição, para prejudicar o segundo. Não lembra também que o PT, com José Dirceu à frente, pregava a “Regulamentação da Imprensa”, medida que nada mais era do que uma “censura democrática” que o líder petista dizia existir em vários países.
O “Escândalo do Mensalão” explodiu com uma entrevista do então deputado Roberto Jefferson à Folha de São Paulo, jornal que bolsonaristas e o próprio presidente acusam de prejudicar o governo que ocupa o Planalto. No “Escândalo do Mensalão” e no dos “Aloprados” (acusação de que petistas teriam comprado falso dossiê incriminando um adversário), o PT apontava o dedo para a imprensa dizendo que só queriam “vender jornal”. Aliás, uma bobagem porque, já naquela época, a receita maior vinha da publicidade e das assinaturas.
Petistas sugeriram a expulsão de Larry Rohter, jornalista americano que escreveu sobre um suposto alcoolismo de Lula. Na Veja, toda semana, um colunista escrevia barbaridades sobre Lula, petistas e outros políticos da esquerda. Joaquim Barbosa, então juiz do Supremo, alcançou realce nacional ao se posicionar a favor da punição de petistas. Dilma sofreu impedimento e houve manifestações nas ruas contra ela.
Como não se falava nada? Como imprensa e opinião pública silenciaram sobre o PT? Que cumplicidade foi essa?
Lula falou uma bobagem sobre a pandemia, o presidente Bolsonaro também fala. Com uma diferença: o último é o atual presidente da República.
O que um presidente fala repercute bastante e, para diminuir o impacto da bobagem que Bolsonaro diz, não serve o argumento
“Mas o Lula....”
